De todas as crianças açorianas dadas para adoção, o caso de Maria Lúcia é o mais antigo que a SIC conseguiu localizar nos Estados Unidos da América.
A bebé de dois anos saiu do arquipélago apenas com o passaporte. O governador distrital de Angra do Heroísmo reconheceu e aceitou, a 13 de abril de 1962, o termo de consentimento de saída do país, assinado pelo pai biológico, analfabeto.
A adoção só viria a ser concretizada um ano mais tarde, em abril de 1963, no estado norte-americano do Minnesota, para onde o casal foi viver quando deixou os Açores.
No processo de adoção a que Maria Lúcia teve acesso, consta que apesar de o casal ter as autorizações portuguesas viajou com a criança para o Minnesota sem o consentimento do comissário da assistência pública norte-americana e em violação do decreto da nacionalidade e imigração dos EUA. Alegadas irregularidades que o tribunal perdoou devido “à boa fé” do casal.
O caso de Maria Lúcia ilustra a falta de rigor e enquadramento legal que permitiu a entrega de crianças antes da figura da adoção estar prevista no código português. Nessas circunstâncias quantas crianças terão partido? Quantos pais terão pensado que a situação seria temporária? E quantos terão ficado convencidos de que o elo não se quebrava com a entrega dos filhos?
O contacto era cortado mal deixavam a ilha
Maria Lúcia Raimundo desconhecia que tinha duas irmãs mais velhas, também elas entregues a casais norte-americanos da base das Lajes. Quando os Whitted adotaram a portuguesa prometeram manter o contacto com as irmãs. Nunca o cumpriram.
Prometida antes de nascer
No ano passado Maria Lúcia e Maria de Fátima descobriram que eram irmãs. Vivem a quase quatro mil quilómetros de distância e já se encontraram duas vezes.
Uma pessoa pela metade
No ano passado Maria Lúcia e Maria de Fátima descobriram que eram irmãs. Vivem a quase quatro mil quilómetros de distância e já se encontraram duas vezes.