Em véspera da tomada de posse de Joe Biden enquanto Presidente dos Estados Unidos, Germano Almeida, comentador da SIC, analisa a instabilidade política que se vive do outro lado do Atlântico.
“Vai ser uma tomada de posse incomparável. Já o era por causa da pandemia e agora também pela questão da tensão. Vais ser uma tomada de posse um pouco virtual, só com mil convidados, entre congressistas e pessoas próximas, sem o calor dos apoiantes”, explica o comentador.
Com a invasão do Capitólio ainda recente na memória, as autoridades reforçaram a segurança para o momento em que o novo Presidente faz o juramento, tendo até investigado um a um os elementos da Guarda Nacional, depois de terem sido identificados polícias e militares à civil na manifestação de 6 de janeiro.
“A guerra civil política ideológica que políticos, comentadores, analistas têm falados nos últimos anos e que era, vamos dizer, metafórica passou a ser real a 6 de janeiro. Porque morreram pessoas nesse ato absolutamente inominável incitado por um Presidente dos Estados Unidos”, sublinha o comentador.
Sobre Trump, que deixa o cargo sem participar no momento da passagem da tesmunho, Germano Almeida considera que foi “o pior presidente dos últimos 90 anos americanos, desde Herbert Hoover, que deixou a América na grande depressão”.
O comentador lembra ainda que o “negacionismo irresponsável da derrota eleitoral” e a “responsabilidade objetiva que teve na invasão do Capitólio” fizeram com que Donald Trump perdesse a possibilidade de ser candidato Republicano em 2024. Fizeram também com que ele abandonasse sozinho a Casa Branca: “Nem o seu vice-presidente, pela forma como ele o tratou, vai estar nesse momento de despedida”, afirma.
Biden irá enfrentar vários problemas neste mandato, para além da pandemia de covid-19, que já fez mais de 400 mil mortes no país. Também a divisão do país que, nestas eleições ficou perto de 50-50, será um desafio para o novo Presidente.
“Joe Biden que não é um político brilhante, sabemos. Não tem o carisma da Barack Obama, nunca o terá. Mas sendo um tipo normal, eventualmente, em tempos em que a política americana precisava de regressar a uma certa normalidade, baixar um pouco a temperatura, se calhar é o homem - e as suas circunstância - certo para esta altura”, afirma Germano Alemeida.
Joe Biden, o mais velho a assumir a Presidência dos Estados Unidos
A idade de Joe Biden é uma questão a ter em conta no mandato. O próximo Presidente dos Estados Unidos será o mais velho de sempre a assumir este cargo, o que levanta, desde logo, questões sobre a realização de um segundo mandato.
“Joe Biden não é só o mais velho Presidente a tomar posse, é mais do que isso. Será mais velho amanhã, na tomada de posse – 78 anos e dois meses –, do que a idade que tinha o anterior mais velho, Ronald Regan, no final do segundo mandato”, lembra Germano Almeida
Kamala Harris, a vice-presidente de Biden, entra aqui como uma possível candidata para 2024. Para além de ser a primeira mulher no cargo e a primeira a ter ascendência indiana e jamaicana, o comentador destaca a sua competência e qualificação enquanto senadora e procuradora-geral da Califórnia. “Será a favorita à nomeação presidencial democrata em 2024”, remata